Uma nova técnica detecta campos magnéticos antigos em tijolos queimados e foi usada para confirmar a destruição da cidade há 3 mil anos
Cientistas usaram uma nova técnica que detecta campos magnéticos antigos em tijolos queimados para confirmar a destruição de uma grande cidade filisteia há mais de 3 mil anos. O episódio é mencionado no Antigo Testamento, mas até agora não havia sido confirmado pela ciência.
Incêndio ou uso de fornos?
- De acordo com o Segundo Livro dos Reis, a poderosa cidade de Gate foi capturada e saqueada pelas forças de Hazael, rei de Aram-Damasco.
- A datação por radiocarbono dentro do sítio arqueológico de Tel es-Safi sugeriu que o evento ocorreu por volta de 830 a.C.
- No entanto, a análise de uma parede derrubada apontou que a estrutura havia desmoronado ao longo de muitas décadas, e não em um único evento violento.
- A partir disso, pesquisadores passaram a sugerir que, embora os tijolos de barro mostrassem sinais de terem sido expostos a altas temperaturas, isso provavelmente ocorreu quando eles foram queimados em um forno antes da construção da parede.
- O problema é que a noção amplamente aceita é a de que a tecnologia de tijolos de barro queimados em forno só chegou à região na época romana.
- Antes disso, as estruturas eram tipicamente construídas com tijolos secos ao sol.
- As informações são da IFLScience.
Cidade foi destruída, concluíram os cientistas
Para acabar com as dúvidas sobre o que de fato aconteceu, pesquisadores desenvolveram um novo método para determinar se materiais antigos eram submetidos a queima.
A argila a partir da qual os tijolos foram feitos contém milhões de partículas ferromagnéticas – minerais com propriedades magnéticas que se comportam como tantas pequenas ‘bússolas’ ou ímãs. O aquecimento a 200°C ou mais, como acontece em um incêndio, libera os sinais magnéticos dessas partículas magnéticas e, estatisticamente, elas tendem a se alinhar com o campo magnético da Terra naquele momento e lugar específicos. Assim, um tijolo queimado atinge um campo magnético forte e uniformemente orientado, que pode ser medido com um magnetômetro. Isso é um indício claro de que o tijolo foi, de fato, queimado.
Dr. Yoav Vaknin, autor do estudo
Dessa forma, se as paredes da cidade fossem destruídas em um incêndio, todos os tijolos teriam registrado a direção do campo magnético da Terra na hora e no local exatos do evento. Já em caso de utilização de tijolos de barro queimados em forno, eles teriam apontado para várias direções, já que teriam sido colocado em uma orientação aleatória.
As conclusões confirmam o relato bíblico da destruição da cidade. Além disso, confirmam que os tijolos foram secos ao sol e não queimados em estufa. Isso indica que a tecnologia de queima em fornos só chegou na região com os romanos. O estudo foi publicado na revista PLOS ONE.